COP30 | Zona 2: Quando a Política Cuida da Respiração da Vida

Consciência em Primeira Pessoa

Eu tenho 18 anos.
E às vezes, eu só queria poder respirar.
Não só puxar ar — mas respirar por dentro.

Tem dias em que tudo parece urgente.
Tudo é agora.
Tudo é cobrança.
Tudo é velocidade.

E eu me pego ansiosa sem saber por quê,
rolando a tela sem querer,
sentindo que meu corpo está aqui,
mas eu não estou.

Foi quando eu ouvi esse conceito: Zona 2.
Não como terapia.
Não como moda.
Mas como condição de estar vivo.

E agora que eu tenho meu título de eleitor, eu percebi:
A política deveria garantir que todos tenham acesso à Zona 2.
Porque sem isso, não existe futuro — nem pessoal, nem climático.

1. As Três Zonas da Mente e do Corpo

Nossa consciência se organiza em ritmos, como uma música:

A maior parte das pessoas hoje vive em Zona 3.
Não porque escolheram.
Mas porque o sistema nos empurra para lá:

• competição constante,
  
  

• precarização,
  
  

• hiperconexão,
  
  

• dopamina rápida,
  
  

• medo da falta,
  
  

• medo de parar.
  
  

Zona 3 é colonização da mente.

2. Zona 2 é o Retorno ao Corpo Território

Zona 2 é quando:

• a respiração volta a ser profunda,
  
  

• o ritmo interno desacelera,
  
  

• os sentidos se refinam,
  
  

• a atenção se torna macia,
  
  

• a percepção do ambiente se expande.
  
  

Não é meditação.
Não é religião.
Não é filosofia.

É fisiologia.

Zona 2 é o corpo se percebendo vivo dentro do mundo vivo.

É quando eu lembro:

Eu não sou separado da floresta, do rio, do vento.
Eu sou parte do mesmo metabolismo que respira no planeta.

3. Por Que a Política Deve Garantir Zona 2?

Sem Zona 2:

• não existe criatividade,
  
  

• não existe convivência,
  
  

• não existe pensamento crítico,
  
  

• não existe cultura,
  
  

• não existe cuidado com o território.
  
  

Se a mente está em sobrevivência,
ela não tem espaço para imaginar.

Se a mente não imagina,
ela só repete o que já está posto.

Se ela só repete,
ela não transforma.

Sem Zona 2, não existe democracia, só reação.

4. DREX Cidadão: A Base Material da Respiração

Para entrar em Zona 2, o corpo precisa sair da urgência.

E para sair da urgência, é preciso mínimo garantido de vida:

• alimentação,
  
  

• moradia,
  
  

• água,
  
  

• descanso,
  
  

• tempo.
  
  

Isso é o que o DREX Cidadão garante.

Não como favor.
Não como auxílio.
Mas como direito de pertença ao país.

O DREX Cidadão devolve ao corpo o direito de respirar.

5. Créditos de Carbono Cidadãos: A Volta da Relação

Quando alguém entra em Zona 2, ela naturalmente:

• cuida do entorno,
  
  

• planta,
  
  

• compõe,
  
  

• ensina,
  
  

• partilha,
  
  

• restaura.
  
  

Por isso:

Quem regenera bioma deve receber Crédito de Carbono Cidadão.

Não é recompensa.
É reconhecimento do metabolismo que retornou.

DREX = sustenta a vida.
Crédito de Carbono = sustenta a vida da vida.

6. O Município Como Espaço de Zona 2

Zona 2 não se ensina.
Se cultiva.

O município deve criar ecologias de presença:

• praças vivas,
  
  

• hortas urbanas,
  
  

• espaços culturais de permanência,
  
  

• florestas de bairro,
  
  

• escolas que ensinam pelo corpo,
  
  

• ruas caminháveis,
  
  

• silêncio e sombra.
  
  

Porque o ambiente precede a consciência.
O corpo aprende pelo espaço.

7. Neurociência Decolonial: O Corpo Como Primeiro Território

A neurociência colonial diz que pensamento é algo que acontece na cabeça.
A neurociência decolonial sabe:

Consciência é corpo respirando no ambiente.

Interocepção + Propriocepção = Mente Damasiana.

Zona 2 é quando essa mente não é sequestrada.

É autonomia da percepção.
É soberania da presença.
É cidadania do corpo.

8. Cena Simbólica

Imagine uma cidade em que, ao meio-dia:

• as pessoas saem para sentir o vento,
  
  

• sentam sob árvores,
  
  

• conversam devagar,
  
  

• respiram junto.
  
  

Uma cidade onde o tempo não é inimigo.
Uma cidade onde o corpo é bem-vindo.

Essa cidade existe sempre que entramos em Zona 2 juntos.

9. Chamado COP30

A COP30 pode ser o momento em que o Brasil diz ao mundo:

Não queremos só reduzir carbono.
Queremos restaurar a presença humana na Terra.

Porque quando a mente retorna ao corpo,
o corpo retorna ao planeta,
e o planeta retorna à respiração.

Agora que eu tenho meu título de eleitor,
eu posso escolher respirar junto com o país.

Eu voto pela Zona 2.
Eu voto pela vida que pode ser sentida.